Cozinha Comunitária

Originalmente publicado en: https://labsbibliotecarios.es/proyecto/cozinha-comunitaria/

Em 2015, cerca de 79 mil pessoas exerciam atividades informais no ramo de alimentação no Brasil – número que saltou para cerca de 480 mil pessoas em 2018, segundo dados da Abrasel. Em 2019, cerca de 39,3 milhões de pessoas exerciam atividades remuneradas como informais em todo o território nacional (IBGE) – ou seja, o número de trabalhadores informais neste setor aumenta a cada ano, oferecendo não somente concorrência desleal para os estabelecimentos regulamentados como também risco de saúde aos consumidores. Embora a situação seja um problema, muitas pessoas estão sobrevivendo dessa forma como complementação de renda ou provendo o próprio sustento – e, muitas vezes, o sustento de toda uma família. Soma-se a isso o fato de que a pessoa que começa a “vender comida” por necessidade não tem tempo ou condições financeiras de se formalizar dentro da legislação do município – que não permite que qualquer pessoa abra um MEI, produza brigadeiros em casa e saia na rua para vender mediante o porte de um alvará, por exemplo. É preciso possuir uma estrutura física separada de sua residência com uma série de exigências e de adequações dependendo do tipo de atividade exercida – e o grande problema é que o trabalhador informal deste ramo não consegue, por meio das estruturas existentes, trabalhar legalmente. Ele tende, assim, a permanecer na informalidade.

A partir do momento em que a estrutura necessária é fornecida de maneira acessível, a probabilidade de as pessoas se formalizarem, se estruturarem e se empoderarem é maior – e a sobrevivência desses pequenos negócios se torna também mais duradoura. Por isso, este projeto se destina a resolver o problema em duas frentes: mapeando os trabalhadores informais do ramo da alimentação em Jaraguá do Sul e propondo uma “incubadora de negócios de comida” – ou seja, oferecendo uma estrutura onde o trabalhador/empreendedor possa produzir com segurança e higiene e que também ofereça suporte administrativo, legal e de marketing por um determinado período de tempo e a um preço acessível, para que ele possa fomentar seu próprio espaço em um futuro próximo, dando lugar a outro pequeno negócio. A intenção é fornecer o apoio que estava faltando para melhorar a qualidade de vida e profissionalizar quem encontrou no ramo da alimentação uma forma de viver de forma digna.

*crédito da imagem: Unsplash